Ribeira dos Moinhos

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A Ribeira de Angra ou Ribeira dos Moinhos



A ribeira de Angra começa na encosta sul da serra do Morião, mais propriamente no lugar da “Nasce Água”, local onde se reúnem os vários regatos que lhe dão origem.

Possivel Curso da Ribeira no inicio do povoamento

No inicio do povoamento, o curso da ribeira seguia, apartir da nascente, correndo para sul até ao Terreiro S. João de Deus. Segundo Humberto Oliveira, a ribeira seguia então pelas Ruas Frei João Estácio (vulgarmente designado por Caminho Fundo), Pereira, Miragaia, Marquês, Praça, onde se formava um lago ou paul, a partir de aqui, entre as Ruas Direita e Santo Espírito, pelos logradouros das habitações. 


O Padre Manuel Maldonado na Fenix Angrense e a propósito da construção da igreja do Colégio dos Jesuitas em 1637, referindo-se aos terrenos diz:
“(…) Denotarão serem compostos de hu emundice occazionadados enchentes das ribeiras que provinhâo dos altos da Cidade, e que atulharam aquelle cham, que em algum tempo fora vale, e tanto assim que he tradição antiga, que o lugar em que hoie existe a Praça d Angra contiguo com o Colegio ara alagoa, e seos orodores pouoados de altas e grossas madeiras (…)”.

Com a chegada a Angra de Álvaro Martins Homem em 1461, as águas foram desviadas e canalizadas para um leito artificial de pedra lavrada.
A ribeira  terá sido dividida em dois ramais um para fazer mover os moinhos que Álvaro Martins Homem mandou construir e outro para abastecer de água a população.

Gaspar Frutuoso em Saudades da Terra:“(…) pelo meio desta cidade corre outra grossa ribeira de água, a qual vem ter ao porto, com que se regam muitos jardins que nela há e moem doze moinhos dentro, na cidade, que são serventia de toda esta parte do sul, a qual ribeira procede de várias fontes, que estão quase uma légua da cidade contra uma grande serra, e ao pé dela mesma nasce outra fonte, de muita cópia de água, com arca fechada, da qual por canos vem ter à cidade e se reparte por quatro principais chafarizes, afora outro que sai junto do cais, donde se provêem todos os navegantes e armadas; e, além disso, se reparte por todos os mosteiros e algumas casas principais, com que fica a cidade muito fresca e abundante; de modo que são por todos doze chafarizes.(…)” 
FRUTUOSO, Gaspar, 1522-1591-Saudades da terra- livro VI

Percurso da Ribeira em 1595


Segundo Humberto Oliveira, apartir do Terreiro de S. João de Deus, a ribeira começa a passar pelas Ruas de S. João de Deus, Pisão, Frei Diogo das Chagas, Ladeira de S. Francisco, seguindo entre as Ruas de Santo Espírito e Direita, indo por fim desaguar a seguir ao caís da cidade. 




Dos poucos locais onde se encontram
vestígios da Ribeira dos Moinhos

No entanto, o seu caudal não terá sido totalmente "domesticado" seguindo o seu curso  pela parte baixa da futura cidade até desaguar no mar. Com efeito no séc. XVII, as águas da ribeira ainda "lavavam" as ruas de Angra.

"(...)Detraz defte edificio (Paços do Senado da Camera) vay hum pequeno campo ladeyrento, por parte do qual defce huma boa ribeyra, que vay lavando as cadeas, e por baixo da praça em abobada paffa o entremeyo da rua direyta e Santo Efpirito, e vay defpejar ao mar.(...)"
"(...) com tanta abundancia de agua,  que quando a Cidade quer, faz vir tal ribeyra della, que entrando nas largas ruas, por as calçadas dellas corre entre os ladrilhos, deyxando-os feccos (...)"MALDONADO, Manuel Luis - Fenix Angrense - Vol. III








O tanque do Preto no Jardim Duque da Terceira
fazia parte do sistema de abastecimento de água
ao convento de São Francisco


Ficaria conhecida por Ribeira dos Moinhos, por alimentar os moinhos existentes ao longo do seu trajecto.

Muitos deles ainda existiam na década de 50 do século XX. 

Hoje, a ribeira dos moinhos após ter sido novamente desviada fazendo quase o seu trajecto inicial, foi canalizada em tubagem de ferro. Ao longo dela foram construídas mini hídricas e desapareceram todos os moinhos movidos pelas suas águas.

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